A MEDIAÇÃO LITERÁRIA COMO PRÁTICA DECOLONIAL
Resumo
Este estudo busca refletir sobre como o diálogo e a Literatura podem contribuir para o desenvolvimento de uma pedagogia decolonial. Tendo em vista o diálogo como uma combinação entre escuta e fala, essa investigação se dedica a identificar a relevância do mesmo na mediação de leitura de textos literários, principalmente aqueles cujas temáticas são consideradas fraturantes. Além disso, discutir sobre a necessidade de pensar a Literatura como um produto construído pelo ser humano e, portanto, um instrumento que educa por meio da arte, de suas potencialidades estéticas e artísticas. O estudo parte dos pressupostos teóricos de Arias (2010), Walsh (2013) e Fiori-Freire (2018) sobre o pensamento decolonial, Nóvoa (2022) sobre a Educação; Candido (2004), Perrone-Moisés (2006) e Reyes (2021) sobre Literatura; Petit (2019) e Bajour (2012) sobre a mediação de texto literário, Ramos e Vernon (2015) sobre as temáticas fraturantes, entre outros. Elabora-se relação, ainda, com o conto O riso acima da porta, de Marina Colasanti, a fim de exemplificar uma experiência de diálogo e educação, objetivando esclarecer o uso das vozes do texto na emancipação do estudante/leitor. Destaca-se a concepção de que o diálogo não acontece somente entre mediador e leitor, mas sim entre o próprio texto e o leitor. Como resultado, a investigação pretende mostrar que o texto literário e o diálogo, quando combinados e articulados pelo professor/mediador, se transformam em instrumentos consolidantes de práticas decoloniais. Outrossim, a Literatura, em virtude de sua natureza artística, constitui-se como potência humanizadora e formadora do sujeito.
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