COMPARAÇÃO ENTRE DOSES INTENSAS E MODERADAS DE ESTATINAS APÓS AVC ISQUÊMICO

Rogério Ames Martini

Resumo


O uso de estatinas na fase aguda do acidente vascular isquêmico e como profilaxia secundária parece ser benéfico devido aos efeitos pleiotrópicos do fármaco e pela sua redução do risco cardiovascular. A terapia de alta intensidade com estatinas, definida pela sua capacidade de reduzir os níveis de colesterol LDL em pelo menos 50% comparado aos valores basais é colocada como padrão ouro para os pacientes que apresentaram eventos isquêmicos em comparação com doses moderadas do medicamento. Contudo, meta análises recentes mostraram o crescente risco de eventos hemorrágicos cerebrais nos pacientes tratados com doses mais intensas da droga. O objetivo do presente estudo foi explorar os recentes avanços da literatura sobre o tema e comparar os riscos e benefícios associados a doses moderadas e intensas da terapia com estatinas. Para isso, foram utilizadas as plataformas UpToDate e PubMed, através dos seguintes descritores: statin and intensity and stroke, restringindo a somente artigos publicados na língua inglesa, a partir do ano de 2015. Também foi utilizado 01 livro de Clínica Médica selecionado em sua última versão. Os pacientes que apresentaram doença aterosclerótica cerebral ou já apresentaram eventos cardiovasculares prévios se beneficiaram de doses intensas de estatinas, apesar do risco aumentado de eventos hemorrágicos estar presente na maior parte dos estudos (número necessário para prejudicar 242). Por fim, para aqueles nos quais a etiologia é outra que não aterosclerótica ou que possuem nível de LDL inferior a 100 mg por decilitro a necessidade do uso de doses mais intensas é controversa e necessita de ponderação, logo, mais estudos dentro do tema são necessários.


Palavras-chave


Neurologia. Avc isquêmico. Estatina.

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