RESISTÊNCIA BACTERIANA A ANTIBIÓTICOS EM UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA: UM PANORAMA DE FATORES DE RISCO E ESTRATÉGIAS DE CONTROLE
Resumo
A resistência bacteriana aos antibióticos representa um grave problema de saúde pública, com impacto significativo no ambiente hospitalar, onde microrganismos resistentes são frequentemente detectados e associados a altas taxas de mortalidade em todo o mundo. As Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) são particularmente críticas, sendo frequentemente identificadas como o principal foco para o desenvolvimento, amplificação e disseminação de patógenos resistentes. Esta revisão aborda a problemática da resistência antimicrobiana em UTIs, discutindo os principais fatores associados à sua ocorrência e destacando medidas preventivas essenciais. A análise evidencia que a resistência bacteriana se intensifica em UTIs devido as grandes quantidades de antibióticos prescritos aos pacientes internados. E para mitigar a contaminação cruzada, é imperativo que as equipes multiprofissionais sigam estritamente as normas de higienização e utilizem corretamente os equipamentos de proteção individual. A implementação de práticas rigorosas de higienização, juntamente com o monitoramento contínuo das bactérias e suas resistências e a adoção de protocolos eficazes de desinfecção, são fundamentais na abordagem e controle da resistência bacteriana.
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