AMBIENTE, CONDIÇÕES DE TRABALHO E SAÚDE DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Resumo
Trata-se de uma revisão narrativa, não sistemática, que pretendeu dar visibilidade às discussões acerca do ambiente, das condições de trabalho e a saúde de professores da Educação Básica. O estudo encontra justificativas no fato de que há, no Brasil, 2,2 milhões destes profissionais neste nível da educação. Como resultados, encontra-se evidências de adoecimento junto à categoria, uma vez que é farta a literatura que versa sobre os transtornos físicos (de voz, musculoesqueléticos e problemas cardiológicos) que os acometem, bem como mentais e comportamentais (insônia, depressão, neuroses do trabalho, fadiga psicológica, estresse e Síndrome de Burnout). Os estudos que integraram a análise possibilitam destacar que o bem-estar no trabalho destes profissionais influencia seu desempenho, bem como a importância da prevenção e erradicação de sentimentos e condições ambientais nocivas que possam causar prejuízos físicos e emocionais aos mesmos. Restou evidente que o ambiente e as condições de trabalho dos professores da Educação Básica determinam o bem-estar (ou o oposto) em seu trabalho. Foi possível constatar ainda, que ao longo dos últimos anos ocorreu a intensificação e precarização das condições de trabalho desses profissionais com evidentes prejuízos sobre a saúde e, num contexto ampliado, sobre sua vida. Ainda que se encontre significativa quantidade de estudos a respeito do tema abordado, neles não se observam sugestões já concretizadas ou relatos de intervenções adotadas para eliminar ou minimizar as condições adoecedoras que muito têm afastado os professores das salas de aula. Na prática, quase nada consta nestes estudos que atestem a melhoria das condições de trabalho, de saúde e de bem-estar dos professores.
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